Seleção Brasileira treina em São Paulo e Luxemburgo comenta chegada de Ancelotti

A Seleção Brasileira vive uma fase de transição silenciosa, mas profundamente simbólica. Enquanto os jogadores treinam sob olhares atentos no CT Joaquim Grava, em São Paulo, o que realmente se prepara nos bastidores é a chegada de um novo ciclo — com nome e sobrenome italianos: Carlo Ancelotti.
Sim, ainda temos os duelos pelas Eliminatórias — contra Equador e Paraguai — que, por si só, exigem concentração, seriedade e desempenho. Mas é impossível ignorar o que já começa a se desenhar fora das quatro linhas: o início de uma nova era, em que o estilo europeu terá de dialogar com a alma brasileira.
Vanderlei Luxemburgo, figura histórica do nosso futebol e ex-técnico da Seleção, resumiu bem ao dizer que o maior desafio de Ancelotti não será apenas tático. Será emocional, cultural. O Brasil é mais que esquemas e estratégias. A Seleção é símbolo, é pressão desmedida, é vaia aos 15 minutos e endeusamento aos 20. É camisa que pesa, que exige mais do que currículo.
Ancelotti, indiscutivelmente um dos treinadores mais respeitados do mundo, terá que fazer mais do que adaptar seus métodos ao elenco. Ele terá que entender o país que respira futebol como religião e que cobra da Seleção não apenas vitórias — mas encantamento. E isso não se aprende em livro, nem em vídeos táticos. Isso se sente, se vive.
Enquanto isso, os treinos no CT Joaquim Grava são o retrato de uma Seleção em compasso de espera. Os jogadores, muitos dos quais conhecem Ancelotti dos clubes europeus, treinam com foco, mas com uma pontinha de expectativa no ar. Afinal, todos sabem que um novo técnico representa novas oportunidades e, claro, novos cortes.
A CBF faz o que pode para manter o discurso de continuidade, mas está claro que a Seleção atual é um time em pré-temporada de sua própria reinvenção. E nós, torcedores e cronistas, assistimos de camarote a esse processo que pode, enfim, reconectar o time com sua torcida — algo perdido desde a Copa de 2014.
Ancelotti encontrará talentos, sim. Encontrará também vaidade, ruído político e um calendário cruel. Mas se entender que a Seleção não é só uma equipe, e sim uma ideia de país, ele tem tudo para marcar época.
O treino começou. O jogo de verdade ainda está por vir.